sexta-feira, 11 de novembro de 2011

A Madrugada

Hoje, quero celebrar aquela leda madrugada. Olhar para lá da tristeza, e reconhecer a sua alegria. Não vou relembrar-te iscariote! A ti, que tanto mal me deste, não quero recordar a tua ladina, nem do teu carácter iníquo. Quando me chegar ao pensamento aquela madrugada, vou tê-la como leda e calma, como seus ventos respiravam e suas nuvens se moviam. Presenciou lágrimas de saudades e gritos de raiva, essa madrugada. Lágrima impossíveis de afagar e gritos sem vontade de calar. E, debruçada no chão, assim fiquei a ver nascer o sol. Enquanto teu pueril coração me desprezava e tua impotente teimosia me esquecia. Mas não vou falar de ti. Não vou falar desses teus olhos que tanto me fazem falta, dessa tua pele morena que o algodão inveja e desse teu mover cativante que me envolvia. Não vou! Não vou relembrar essa tua mão, grande e macia, que me tocava no rosto frio, desses teus cabelos quase negros e desse teus sorriso quase malicioso. Outrora, tudo isso me fazia falta. Até àquela madrugada, serena e quase fastidiosa, que quero relembrar com um sorriso, nem que ele seja cínico.

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